terça-feira, 11 de agosto de 2009

Conte um repertório

Conte um repertório
por maneco nascimento

O Balé da Cidade de Teresina completa nesse ano de 2009 dezesseis anos e o faz com um desenho de investidas para as marcas cênicas da Cidade. Por Ele já passaram Nazilene Barbosa,Weyla Carvalho, Janaína Lobo, Fernando Freitas, Eugênio Rego, Roberto Freitas, et all.
Na fase de adolescente, em expansão de vida recomendável para os livros de memória, tem tentado soerguer-se. Sair da fase em que o estado burocrático de artista fez passeio pelo estágio do lúdico e criativo e quase tomou força de continuidade. Como o artista é protegido pelas cósmicas forças das dêiades do Olimpo e de universos mais superiores, acabou por estabelecer-se como ontem eu sim, amanhã eu sonhe. E quando sonha a natureza do homem(genérico) repleta-se de boas construções da arte. Nova arte rebuscada de velhos temas tão banais em novas tramas tão legais.
Dia 29 de maio de 2009, de passagem pelo Teatro Municipal João Paulo II, o Balé da Cidade de Teresina apresentou a peça MOSAICO - três temas bem distintos, de variação para a mesma sílaba. O ganho do ato criador decodificado em tônus e imagens selecionados aos olhos por corpos decifrados.
Na primeira coreografia do MOSAICO, o Balé da Cidade de Teresina apresentou “Pé de Garrafa”, criada pelo coreógrafo Marcelo Lopes. Relê uma das lendas piauienses e apresenta-a de forma jocosa e divertida, brinca com corpos quentes, em frases temáticas das cores da lenda selecionada.
No segundo momento, a lenda foi “Miridã”, coreografia de Samuel Alves. A história, uma versão shakespeareana para a temática indígena. Brigas de famílias e a impossibilidade da junção de amantes constroem, no memorial popular, o fardo da gravidez indesejada, o abandono do bebê e, num salto ao realismo fantástico, o choro da curumin-mãe transforma-se em lagoa na que aparece o espectro da cria abandonada. O corpo em baile composto às personagens das aldeias conflituosas tem a força do corpo do Balé da Cidade de Teresina, parece lugar comum da dança, mas não é. Há um esforço determinado e coreografado para as linhas descritas à trama apresentada.
E por fim, o Balé da Cidade premiou o público com “Folha D’água”, criação do coreógrafo pernambucano, radicado na Europa, Marcelo Pereira. O resultado apresenta leveza e depuro orquestrado para corpos flutuantes e marcadamente precisos enquanto percorrem dinâmicas detalhadas. É corpo de língua solta, soletrando frases e orações ao palco de inteligíveis intenções.
Dia 30 de junho ao completar 16 anos, o Balé da Cidade de Teresina fará uma grande cena, como promete Sidh Ribeiro, diretor e coreógrafo da companhia, bem ao estilo inquieto e criativo de suas peças representadas na cidade e alhures. A cidade merece a companhia que conta bons repertórios.
Teresina, 31 de maio de 2009

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