terça-feira, 11 de agosto de 2009

DesvendandO LínguaS

DesvendandO LínguaS
por maneco nascimento

Narizele Barbosa, bailarina e coreógrafa piauiense, em sua última estada em Teresina deixou-nos um novo dado a desvendar. “Só não falamos a mesma língua” estreou na semana de aniversário do Teatro Municipal João Paulo II, no dia 11 de agosto, às 20 horas.

Não sendo obra do acaso, mas de criação elaborada, “Só não falamos a mesma língua” abre todas as janelas ao novo, ao ato criador cuidado para reelaborados textos de corpos falantes.

Criada para o Balé da Cidade de Teresina, a coreografia é limpa e detalhadamente incorporada à dança nova desprovida de imagens vazias e movimentos frenéticos que, por vezes, esquizofrênicos. É desenho claro e cheio de gestos matemáticos para a estética da dança de retas, círculos, ângulos para todos os graus da dinâmica de ocupação espacial. Tem graça, tem estilo próprio, tem dois e dois também sendo cinco. A simetria e a assimetria reúnem a mente criadora e reintegram a sinestesia invadindo anatomias presentes e o consciente trabalho de formas e expressões às linguagens claras.

Romance, amor, paixão, prisão em liberdade de escolhas e de matizes para o objeto coreografado. A representação do sujeito às frases + feitas da arquitetura cênica planejada.

O grupo reunido a “Só não falamos a mesma língua” é fala bem inflexionada, é frases e orações pontuadas como quem ganha o tempo com todo o prazer. Tem dinâmica própria e, graciosamente, é determinante dos melhores efeitos retirados da leitura da coreografia apropriada.

O melhor exercício para as cênicas é o que oferece signos claros como a luz do sol, em que a virtuose está na simplicidade e no gesto universal da comunicação à música de silêncios e barulhos, de claros e escuros, de sombras e luz, de corpo e movimento. Falando a mesma língua ou reinventando a dinâmica dos falares e letramentos corporais cada bailarino tem sua escrita particular e frase de efeito pragmático para o alfabeto de tronco comum. Revivificam as letras mortas e desvendam as letras novas, os novos textos de coreografias assimiladas feito prazer de primeiras leituras. “Só não falamos a mesma língua” eficientiza um teatro de corpo inteiro, vivo, bem humorado e definitivamente apropriado das melhores experiências para tablados e linóleos.

O Balé da Cidade de Teresina acolhe mais um bom exercício para o memorial de sua história de dezesseis anos, comemorado em 2009, e efetiva um dado novo, desvendado para o repertório da identidade criativa e criadora da Cia. Segue com talento histórico o sucesso à língua, linguagem, fala do Corpo de Dança aos corpos falantes que o compõem.

Teresina, 11 de agosto de 2009

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